segunda-feira, 2 de maio de 2022

Os novos livros de Alciene Ribeiro Leite em 2022

Tomara que fosse ontem é o novo romance de Alciene Ribeiro Leite, um lançamento da Editora Penalux que saiu no início deste ano de 2022. O ano marca muitos outros lançamentos da escritora. Veja na sequência informações sobre estes lançamentos.

Logo abaixo, o sensível texto que a escritora Cristina Agostinho escreveu sobre o Tomara que fosse ontem, resenha que figura na orelha da obra; na sequência, temos um texto de leitura do livro por Zildomar Ribeiro e o trecho do romance que consta na última capa do livro; após essas apreciações do romance, trazemos os dados bibliográficos recentes da escritora, com o anúncio de outros lançamentos previstos para este ano e para os próximos anos, além das informações sobre os lançamentos de 2021da escritora; acompanham essas informações, links de acesso aos livros da Alciene disponíveis no mercado neste momento.

UMA PEQUENA JÓIA LITERÁRIA

Cristina Agostinho

– Sou velha de saudade, coleciono um monte de passado.

Ditas por uma pessoa adulta, estas palavras transmitem o peso de vivências carregadas de sofrimento. Mas quando elas partem de uma adolescente, o impacto nos comove mais.

Em Tomara que fosse ontem, uma garota relata a imensurável dor da perda do pai amado, que se mistura às dores próprias do crescimento. O medo, a raiva, a culpa, as mágoas, a solidão de não ter com quem falar de seus sentimentos. As dúvidas a respeito da justiça e injustiça daqueles que morrem cedo. As mudanças de rotina e nos papéis familiares. A busca frustrante de compreensão por parte dos amigos e adultos, indiferentes ao seu sofrer. Como é possível que aquele pai amoroso e sempre presente não exista mais? Que possa ser esquecido tão rapidamente pela mãe, que tenta refazer sua vida?

Em meio ao profundo desamparo na elaboração do luto, é comovente a resiliência da narradora e os recursos que utiliza para manter viva a memória do pai sonhador, amante das plantas e das flores. A necessidade de tornar sua presença mais palpável, de guardar sua voz e o cheiro de terra fresca das mãos. De reviver, através dessas lembranças, o aconchego do colo que nunca mais vai ter. E daí, quem sabe, fazer germinar a semente da aceitação.

A par desta narrativa sensível, Alciene nos transporta a uma cidade do interior mineiro e faz um painel multicolorido da vida provinciana. Seus preconceitos, costumes, crendices e simpatias, as hipocrisias e fofocas entre vizinhas faladeiras, as expressões e os ditos locais.

Um livro que é uma pequena joia literária sobre o sentido do amor e da perda, escrito por uma experiente artesã da palavra.

Cristina Agostinho
escritora, autora de
As duas Fridas
,
entre outros.


A REAÇÃO DE UM LEITOR À LEITURA DE
TOMARA QUE FOSSE ONTEM

Causou-me forte impressão a leitura de Tomara que fosse ontem (Editora Penalux, 2022), de Alciene Ribeiro Leite. Aflora do texto um impressionante grau de afinidade entre pai e filha. O cheiro de terra úmido e o amor pelas plantas e pela natureza são o elo de ligação que embala a saudade da filha pelo pai que partiu.
Essa saudade a leva ao extremo de cultivar a terra do quintal pisado por ele em um vidro escondido nos lençóis. Uma esperança infantil de trazer de volta o pai, santo canonizado no coração da menina.
A autora tece uma inspirada teia de afinidade espiritual a partir de fatos presentes na vida de todos nós.
Zildomar Ribeiro
 
 
EXCERTO DO ROMANCE

Papai acarinhou a natureza e morreu assim mesmo. Injustiça.
 
Algum pai apanha flor, corta árvore, até taca fogo no cerrado, e está bem vivo aí. Desconfio que não vale a pena agradar a Deus. É ocupação demais o governo do céu. Não dá tempo de fiscalizar o povo -rebanho de perto. Cada ovelha de um jeito: fobias, manias, histerias, fantasias que pastor, por mais pastor que seja, dá conta desse punhado de psicadas?

Peco dúvida e desgosto, que padre nenhum per doa. A balança do destino cisma simpatia com uns, e antipatia com outros, sem mais nem menos? Prefere o mandão, ao invés do pau mandado, ou toma as dores do tímido e desfaz o feito e acontecido?

Empaco no bem viver de uns e a peleja dura de outros. Conta no banco e pedinte de esmola, rainha de beleza e moça de feiura virgem até morrer. 

Alciene Ribeiro Leite - trecho do livro
reproduzido na última capa
 
Para mais dados sobre Tomara que fosse ontem, inclusive com reprodução em "Amostra Grátis", das primeiras dezessete páginas do romance, clique AQUI.
 

ALCIENE RIBEIRO LEITE – OUTROS LANÇAMENTOS

O livro de estreia (contos) de Alciene Ribeiro Leite foi considerado o melhor do ano pela União Brasileira de Escritores. Seguiram-se premiações no "Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte", no "Prêmio Nacional de Literatura Coleção do Pinto", Menção Honrosa no "Concurso Nacional de Literatura João de Barro", e classificação entre os dez melhores no "8° Concurso de Contos Luiz Vilela" (621 inscritos). E ainda, o selo de "Altamente recomendável", pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Nos últimos anos, Alciene empreende revisão de todos os seus contos, dos publicados em livros ao inéditos, reunindo também os publicados em antologias, jornais, suplementos e livros diversos, constituindo um projeto editorial que se configura, no momento, em uma trilogia, cujo primeiro livro, Mulher Explícita (2019), com posfácio de Rauer Ribeiro Rodrigues, saiu na Editora Pangeia, AQUI. O segundo livro da série, Mulher Plural, está anunciado para o segundo semestre deste ano, também na Pangeia. O terceiro, Mulher & Cia, deve sair em 2023.

Devido aos muitos estudos acadêmicos que a obra de Alciene Ribeiro Leite tem recebido, a Pangeia Editorial lançou um edital para lançar um segundo livro com pesquisas sobre a escritora e sobre sua obra. O primeiro livro, AQUI, saiu em 2019, integrando a coleção Literatura e Vida (volume 2), do GPLV, que mantém este blog. O edital com a chamada para este novo livro está AQUI – acompanha a publicação do Edital uma deliciosa entrevista inédita com a escritora.

Nos últimos anos, Alciene também se dedicou ao microconto, tendo dividido, confira AQUI, o volume minimus & brevíssimos (2020) com Rauer – o minimus, somente com microcontos de Alciene, sai em volume isolado no início do segundo semestre, no selo Dionysius, o selo de literatura da Pangeia Editorial (a capa desta 2a. edição do livro, por Willia Katia Oliveira, está reproduzida abaixo). Microcontos inéditos de Alciene foram selecionados para compor na antologia Micros-Beagá, que você pode conferir AQUI. Está em preparo um novo volume de microcontos, Mulher em drágeas, que Alciene Ribeiro Leite espera  concluir até 2023. Como se percebe, Alciene revê e reescreve seus textos incessantemente e os trabalha como peças de joalheria.

Esse labor de perfeccionista também se verifica nos seus romances, livros infantis e obras de doutrina de caráter espírita, e na reelaboração do seu premiado romance Nos beirais da memória. Os livros espíritas vêm sendo publicados e republicados, e o romance que ganhou o Prêmio Cidade de Belo Horizonte está em revisão, ainda sem data para sair a 2a. edição.

Por fim, na importante vertente dos livros dedicados a leitores crianças e a jovens leitores, no final de 2021 saiu o livro Tecelã de sonhos & outras tramas. O livro, com 32 páginas em formato 20cm x 20cm e ilustrações aquareladas, saiu na Coleção Ler-Brincar-Criar das Edições Saruê, o selo de literatura infantojuvenil da Pangeia Editorial. Clique AQUI e conheça os detalhes desse livro.

Para mais informações sobre Alciene, além das que estão neste blog acadêmico destinado a ela, clique AQUI.