quarta-feira, 15 de maio de 2019

Eis as sessões do 1º Colóquio Alciene Ribeiro

Foram divulgadas as sessões do 1º Colóquio Alciene Ribeiro, com horários, locais e sequência de apresentações. Confira abaixo, com os resumos dos trabalhos.




RESUMOS DE COMUNICAÇÕES E PALESTRAS
(ordenadas pelas sessões de apresentação)

Comunicações
9h20 – Sala 13
CPAN/UFMS - Unidade 2
15 minutos de apresentação, com debate
de 5 minutos a cada duas apresentações
RELATO  DE  SEQUÊNCIA DIDÁTICA NA LEITURA DO  CONTO  “LAGARTA
ATREVIDA, BORBOLETA E VIDA”, DE ALCIENE RIBEIRO LEITE
- comunicação -

Jessica Campos de Freitas (CPAN/UFMS)

Este trabalho tem por objetivo analisar brevemente a obra da autora Alciene Ribeiro Leite cujo título é “Lagarta Atrevida, Borboleta e Vida” e relatar a experiência de um trabalho realizado utilizando a obra e trabalhando o gênero “Conto” na disciplina de Língua Portuguesa/Literatura. O livro problematiza questões como maus tratos aos animais, respeito estre seres vivos e conscientização sobre a necessidade de preservação da vida animal. Logo no início do conto observamos na narrativa que por pouco a lagarta peluda não acaba com a alegria da Dona Glória. A lagarta e Dona Glória representam os principais personagens do conto, narrado em 3°pessoa por um narrador observador. A narrativa ocorre em meados de dezembro, época em que a prefeitura realiza concurso do melhor enfeite natalino da cidade. Quanto ao relato de experiência, foi realizado com alunos de uma escola estadual do município de Corumbá–MS; os estudantes pertenciam ao 6° ano do Ensino Fundamental. A aula e sua temática contemplaram o planejamento didático, e observamos reconhecimento dos alunos para a importância do trabalho com a Literatura no Ensino Fundamental. O resultado final da sequência didática realizada com os alunos comprova - mais uma vez, como se necessário fosse - que o trabalho com a literatura desenvolve o pensamento crítico e a capacidade intelectual do estudante.
Palavras-chave: Ensino Fundamental; Escrita Feminina; Língua Portuguesa; Literatura.


CRÔNICA, JORNALISMO E DISSERTAÇÃO: A LITERARIEDADE 
EM UM CONTO DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Wagner Marques de Souza (G-CPAN/UFMS)
Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN/UFMS)

Este trabalho tem por objetivo a descrição do conto “Ave Maria das Graças Santos” (1984), de Alciene Ribeiro, tendo por parâmetro o conceito de literariedade. A literariedade, segundo Aguiar e Silva, na obra Teoria da Literatura, cuja primeira edição é de 1967, abrange as características que conferem a um texto escrito a sua qualidade literária, ou seja, é o que constitui o conjunto de traços distintivos que definem um texto escrito como objecto literário. O conto de Alciene Ribeiro aborda questões como submissão feminina, machismo e impunidade. A linguagem utilizada no conto torna-se o meio pelo qual se manifesta uma imitação, uma reprodução da natureza ou da sociedade (o que corresponde ao princípio aristotélico da mímeses); nessa perspectiva, além da denúncia explícita de violência contra a mulher, observamos que há outras denúncias implícitas, principalmente ao sistema patriarcal. Quanto à forma, o conto tem estrutura jornalística, em alguns pontos parece uma crônica, em outros uma dissertação. Ao final, após uma sucessão de micro-ápices, como se o clímax da narrativa fosse alcançado várias vezes, em um crescendo de tensão emotiva, de pathos discursivo, que tem início logo na primeira frase do conto, sentimos a força literária que emana da narrativa. No caso do conto "Ave Maria das Graças Santos", cuja versão revista acaba de ser publicada na nova coletânea de Alciene Ribeiro (Mulher explícita, Editora Pangeia, 2019), evidenciar a literariedade é demonstrar um dos modos pelos quais os mais diversos gêneros textuais são utilizados em prol da literariedade e a serviço da literatura. 
Palavras-chave: Feminicídio; Ficção; Gênero Textual; Literatura Brasileira; Violência.


UMA LEITURA DO CONTO “ EU CHORO 
DO PALHAÇO”, DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Vanessa Carla Ayala (G-CPAN/UFMS)

Este trabalho tem como objeto de estudo o conto “Eu choro do palhaço”, de Alciene Ribeiro. O conto apresenta “unidades mínimas”  encadeadas e combinadas em enredo que sugere efeito de verdade, que Aristóteles, em sua Poética, conceitua como verossimilhança. “Eu choro do Palhaço” é um conto na vertente intimista, de protagonista criança, com linguagem que emula voz infantojuvenil. A infância de pés descalços e braços aos ventos indicia a liberdade como um dos aspectos principais dessa fase da vida. A narrativa apresenta final inesperado, imerso a relatos que deixam implícitos a dor do adeus que nem o choro conforta, embora pareça ressalvar que sorrir e chorar são situações inerentes à vida e ao humano. Parece-nos que Alciene Ribeiro, com esse conto, que fecha a coletânea e dá título ao livro, indicia cosmovisão de que a vida é cíclica. Nossa leitura se vale de aspectos da teoria da literatura, em particular das categorias da narrativa, para descrição, análise, interpretação e compreensão do conto.
Palavras-chave: Análise; Descrição. Infância; Interpretação; Leitura; Verossimilhança.


UM ENGANADOR NO CONTO "SEM
OFÍCIO", DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Jairo Kultenberg (G-CPAN/UFMS)

“Sem Ofício”, conto de Alciene Ribeiro da coletânea Eu choro de palhaço, de 1978, encena a narrativa de um pedinte que vive de esmola. A narrativa, em ordem cronológica, apresenta narrador-personagem que tenta convencer o interlocutor a lhe dar dinheiro; diz viver das esmolas obtidas com a mendicância, com o relato de que vive às margens da sociedade e naquelas circunstâncias. Alciene expõe o tema, polêmico, com extrema sensibilidade. A narrativa flui com simplicidade, em linguagem coloquial, na apresentação de personagem ladina, que vive de oportunismo e de esperteza. Descrevemos o conto a partir das categorias centrais da narrativa: enredo, narrador, personagem, tempo e espaço.
Palavras-chave: Coloquialidade; Escrita Feminina; Mendicância; Personagem; Tempo-Espaço.


VIDA E MORTE EM DOIS CONTOS DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação

Edelaine Santos de Amorim (CPAN/UFMS - Egressa)

Neste trabalho, analisamos “Menina-Nuvem” e “Lagarta Atrevida, Borboleta e Vida”, contos de Alciene Ribeiro. Em ambos, a autora retrata a luta pela sobrevivência: da personagem Penélope, uma criança, e da Lagarta, personagem que se metamorfoseia em borboleta. Elas enfrentam situações semelhantes do cotidiano, em meio às adversidades, cada uma a seu modo, e se deparam com a morte. Os contos têm narrador em terceira pessoa. A primeira narrativa, “Menina-Nuvem”, trata de um feto que é rejeitado pela mãe. A menina, após nascer, luta pela sobrevivência, mas seus hábitos esquisitos causam espanto nas pessoas. Penélope, tecelã do seu destino, constrói para si infinita liberdade e morte. Em “Lagarta Atrevida, Borboleta e Vida”, o modo de espichar e encolher da lagarta causa nojo, raiva e medo na protagonista, Dona Inácia, que pede aos seus netos para a jogarem no lixo. Os netos explicam à avó o processo de metamorfose, e, nas festas de fim de ano, com a casa enfeitada para o Natal, a borboleta nasce como um símbolo de perpétua renovação. Os dois enredos, um de cunho fantástico e outro de cunho realista, parecem ter um substrato comum: o humano, para Alciene Ribeiro, tem as chaves do seu destino em suas mãos, mas há algo que lhe transcende enquanto matéria e enquanto momento presente. É o que pretendemos demonstrar nesta comunicação.
Palavras-chave: Conto Contemporâneo. Enredo. Literatura Brasileira. Morte. Personagem.


UMA VIDA DE SOLIDÃO EM "O GRAN 
FINALE", ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Mateus das Neves (G-CPAN/UFMS)

Esta comunicação tem por objetivo analisar a personagem do conto "O Gran Finale", de Alciene Ribeiro. O personagem não possui nome, apenas é denominado de “velho”: por que o narrador do conto não lhe deu um nome? Parece-nos que o termo velho constrói, ao nomear genericamente, teor de exemplaridade como símbolo de todos os outros idosos que são deixados em asilos por seus familiares. O velho se sente muito só, ainda que tenha um cuidador, pois falta alguém que o “ame” e não que esteja com ele só pelo dinheiro. O narrador não nos apresenta a vida que o personagem teve, apenas a que ele vive agora. É a sua solidão escolha ou castigo? Parece-nos que o velho é uma personagem redonda, complexa, ainda que, com sua vida já chegando ao fim passe o tempo a reclamar de tudo, afinal, tempo é tudo o que ele tem.
Palavras-chave: Análise; Literatura Brasileira; Narrador; Personagem.


NARRADOR E PONTO DE VISTA NO CONTO
“VELHO JOÃO”, DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Elisângela da Silva Cerqueira Mota (G-CPAN/UFMS)

Em “Velho João”, conto de Alciene Ribeiro que consta no livro O João Nosso de Toda Hora, publicado em 1982, o protagonista se recusa a deixar sua casa, exigência que lhe é feita devido a construção de uma barragem. A perspectiva do narrador é ambígua, pois a narrativa é encenada em alguns momentos em terceira pessoa e em outros momentos em primeira pessoa. Há específica construção de sentidos nesse deslizamento da voz narrativa, pois, através do ponto de vista, da focalização que é mais que discurso indireto livre, o narrador expõe os pensamentos mais íntimos da personagem principal, criando atmosfera bem realista. Utilizamos as concepções e categorias de Norman Friedman expostas em “O Ponto de Vista da Ficção". Entendemos que o deslizamento na voz do narrador de onisciência seletiva e a focalização no protagonista resulta em uma narrativa tensa ao expor a psicologia, as angústias e os medos da personagem.
Palavras-chave: Categorias da Narrativa; Focalização; Narrador; Perspectiva; Psicologia.


POR UM ENSINO CRÍTICO DE LITERATURA: UMA PROPOSTA BASEADA
NA LEITURA DO CONTO “O GRAN FINALE”, DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Daniel Robin (G-CPAN/UFMS)

Partimos da proposição de Roland Barthes, sobre a leitura de textos de fruição, que causem impacto no leitor, e que o façam refletir sobre questões sociais, muitas vezes marginalizadas no imaginário conservador que no geral são as salas de aula, e, no particular, as brasileiras, na contemporaneidade. A aula de Literatura deve se configurar como instrumento de troca, de diálogo e, por fim, de construção de posicionamentos críticos. O conto “O gran finale”, de Alciene Ribeiro, retrata o que seria um fim de vida representativo de uma grande parcela da população idosa em nosso país. Há uma descrição minuciosa, no conto, do estado ─ quase que vegetativo ─ em que a personagem central, o idoso, se encontra. Há uma preocupação muito forte por parte dos familiares com o seu estado, até mesmo de quando irá morrer. Mas a atenção para com o idoso fica aquém do esperado, como se os cuidados físicos pudessem suprir a falta dos cuidados emocionais. Essa descrição detalhista do estado de abandono em que o homem se encontra causa choque, a priori, mas é o retrato fiel de uma dura realidade à qual todos estamos sujeitos com o processo de envelhecer. Por se tratar de temática universal, e ser incômodo ao leitor, consideramos trabalhar esse texto em sala de aula, no ensino médio, visto que “[o] letramento literário trabalhará sempre com o atual, seja ele contemporâneo ou não. É essa atualidade que gera a facilidade e o interesse da leitura dos alunos” (COSSON, 2014, p. 34). Ao trabalharmos com temáticas próximas da realidade dos alunos, ao expandirmos os horizontes dos mesmos sobre o que é vulnerável no sistema social, podemos contribuir, como professores e professores em formação, para uma reflexão a priori do educando, seguida de uma possível mudança de atitude, dado o caráter “humanizador” da Literatura, conforme considerações de Antonio Candido.
Palavras-chave: Antonio Candido; Roland Barthes; Envelhecimento; Letramento Literário; Literatura e Sociedade.




Palestras
13h – Auditório Sala H-108
CPAN/UFMS - Unidade 1
20 minutos de apresentação, com debate
de 10 minutos a cada duas apresentações

REFLEXÕES SOBRE “BOTÕES MURCHOS”, CONTO DO 
LIVRO MULHER EXPLÍCITA, DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Luciene Lemos de Campos (CRE-3/SED-MS)

Poucos são os autores que se mostram capazes de reflexões no sentido de questionarem o que escrevem, e, sobretudo, o modo como engendram a trama e constroem suas personagens de ficção. Este estudo é uma leitura interpretativa de “Botões Murchos”, conto que integra o mais recente livro de Alciene Ribeiro, Mulher explícita, lançado em 2019 pela Editora Pangeia. Da primeira à última palavra, o tom confessional, subjetivo e epistolar, empresta à narrativa caráter dramático, que adiciona a autora da carta e, de certo modo, o discurso que ela emprega, a um interlocutor especial. O que está em jogo no discurso e nos problemas aflorados nessa carta/conto? A intenção primária de nosso trabalho é indiciar novas interpretações acerca da obra de Alciene Ribeiro. Esta leitura tem por objetivo compreender como, a partir das estratégias discursivas utilizadas em “Botões Murchos”, a mulher é representada. O presente trabalho fundamenta-se nas teorias da narrativa, nos estudos sobre a produção literária de autoria feminina e na análise discursiva à luz da semiótica greimasiana.
Palavras-chave: Escrita feminina; Literatura Brasileira; Representação Social; Teorias do Conto; Semiótica.


DESLOCAMENTOS, RESPOSTAS EM SI MESMAS E INFLUÊNCIA
MÚTUA EM O REGRESSO DE PENÉLOPE, DE ANTÓNIO
VIEIRA, E “PLENILÚNIO”, DE ALCIENE RIBEIRO
- comunicação -

Marcos Rogério Heck Dorneles
(CPAQ/UFMS; PG-CPTL/UFMS)

Estudamos a partir da indicação de alguns intercâmbios estabelecidos entre o romance O regresso de Penélope, de António Vieira (2000), o conto “Plenilúnio”, do livro Mulher Explícita, de Alciene Ribeiro (2019),  e o poema épico Odisseia, de Homero (utilizamos uma edição brasileira de 2015). O exame destaca a composição do desempenho da personagem Pēnelópē em função dos seus desdobramentos ficcionais obtidos pelos deslocamentos espaciais das protagonistas nas duas narrativas posteriores. Para tal, o trabalho propõe um diálogo com estudos realizados acerca de componentes espaciais (tais como os conceitos surgem em REIS, 1988, e em WINK, 2015), modalidades de transtextualidade (conforme GENETTE, 1989) e estratégias de recepção da literatura fonte e suas relações literárias (a partir das proposições de ĎURIŠIN, 1984).
Palavras-chave: Alomorfia; Espaço; Intertextualidade; Narrativa; Transtextualidade.


"INDEPENDÊNCIA E MORTE": AS QUATRO ETAPAS DA 
CONSTRUÇÃO DO CONTO DE ALCIENE RIBEIRO
- palestra –

Natália Tano Portela (PG-CPTL/UFMS)
Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN/UFMS)

Em meados de fevereiro de 2019 chegou, ao Grupo de Pesquisa Literatura e Vida, alguns envelopes para o Acervo Alciene Ribeiro. O acervo da escritora está com o GPLV desde 2015, tendo gerado, até o momento, duas dissertações de mestrado, o início de duas pesquisas de doutorado e cerca de uma dezena de Trabalhos de Conclusão de Curso de graduação. Em um dos envelopes, um pequeno conjunto de folhas presas por um clipe nos chamou a atenção: tratava-se dos originais de um conto inédito, anunciado para o novo livro da escritora, a coletânea Mulher explícita. Verificadas as folhas, notamos que ali estavam quatro versões de um conto muito curto, cujo título, após outra alternativa anotada, fora definido como “Independência e morte”. É o conto que abre o livro ─ e é sobre o processo da escrita do conto, ao que parece objeto de reflexão por todo o ano de 2018 e escrito em janeiro de 2019, que tratamos nesta comunicação. Para analisar o nascimento e construção do conto nos valemos, também, de entrevista de Alciene Ribeiro concedida no mês passado, a propósito do Mulher explícita, e disponível no site da Pangeia Editora.
Palavras-chave: Crítica Genética; Entrevista; Escrita Feminina; Literatura Brasileira.


 REFLEXOS DO ILUMINISMO EM “INDEPENDÊNCIA
E MORTE”, DE ALCIENE RIBEIRO
- palestra -

Alfredo Ricardo Silva Lopes (CPAN/UFMS)

O conto da escritora Alciene Ribeiro que abre o livro Mulher Explícita retrata o ciclo de vida de uma mulher até seus 27 anos. O número sete é evidenciado em diversos momentos do conto tanto na narrativa, quanto no número de parágrafos, e seus múltiplos significados são usados como chave de análise para compreender as intencionalidades da autora. O conto espelhado de Alciene versa sobre os sofrimentos vivenciados pela mulher protagonista do nascimento até sua morte pelas mãos do marido. A busca por independência associada aos livros e cadernos da protagonista marcam uma crença no poder do conhecimento e uso da razão. Desta forma, a relação com o princípio iluminista surge da ideia de que a responsabilidade pelo próprio destino advêm do uso da razão para promoção da liberdade.
Palavras-chave: Conhecimento; Escrita Feminina; Liberdade; Mulher; Razão.



ALCIENE  RIBEIRO:  “SOL  NA  BANDEIRA”
PARA A TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA
- palestra -

Juliana Cláudia Teixeira Gomes Borges Amorim (SMS-MS)

Tal como um “sol na bandeira”, pedido de Gildinha ao pai em um dos contos de Eu choro do Palhaço, a premiada coletânea de estreia de Alciene Ribeiro em 1978, nosso estudo propõe descrever a obra de Alciene como mediadora para a comunicação humana. Com sua narrativa clara, alguns textos da autora mineira têm sido utilizados como estratégias “iluminadoras” na área de Fonoaudiologia, propiciando intervenções terapêuticas em crianças e em adolescentes no tocante à reabilitação em linguagem oral e escrita. Apresentamos um pouco de nossa prática clínica, sob a perspectiva do interacionismo de Vygotsky, de maneira a abordar como a literatura pode promover, de um lado, reflexão e ressignificação de atitudes pessoais e, de outro lado, propiciar - além do desenvolvimento cognitivo - a melhoria de aspectos comunicativos de leitores em geral e de pacientes da fonoaudiologia em particular.
Palavras-chave: Fonoaudiologia; Interacionismo; Linguagem; Literatura Brasileira; Vigotsky.


EROTISMO, TRANSGRESSÃO E RELIGIOSIDADE
NO CONTO “UAI, SÔ!”, DE ALCIENE RIBEIRO
- palestra -

Osmar Casagrande Júnior (PPGLETRAS/UFMS)

O conto “Uai, sô!" vem a público em Mulher explícita (2019), a mais recente coletânea de contos de Alciene Ribeiro. O título, estereótipo da fala do caipira de Minas, institui a elocução de todo o texto, narrado em primeira pessoa por uma “moça da roça”, isolada para além da Serra do Corpo-Seco, sem acesso à cidade e à mínima alfabetização, numa vida praticamente colonial. Esse contexto é corroborado pelo recurso de figurar a dicção da personagem, que no modernismo brasileiro vem representado desde “Pronominais”, de Oswald de Andrade, passando pelas gerações seguinte, e chegando ao final do século XX com autores como João Antônio, e até à década atual, com Marcelino Freire. Quanto ao tema, o conto encena o imaginário ideal para que uma moça púbere e religiosa experimente o desabrochar de sua sexualidade adulta como uma transgressão pecaminosa, aos moldes do erotismo clássico de Georges Bataille.
Palavras-chave: Escrita Feminina; Georges Bataille; Pecado; Religião; Sexualidade.


FACAS-LASER CORTAM A VIDA: DIALOGANDO COM
ALCIENE RIBEIRO E CONCEIÇÃO EVARISTO
- comunicação -

Mayara Pereira Coelho Palandi Bassanelli (G-CPAN/UFMS)
Carina Marques Duarte (CPAN/UFMS)

Esta comunicação propõe uma leitura de dois contos de autoras brasileiras contemporâneas – “Ave Maria das Graças Santos”, de Alciene Ribeiro, e “Maria”, de Conceição Evaristo. Através da análise das categorias da narrativa – abordadas à luz da teoria do conto de Cortázar – e da verificação das analogias e das diferenças entre os textos, fazemos uma reflexão sobre a condição da mulher, tema recorrente nas obras de autoria feminina. Em 2006 foi instituída a Lei Maria da Penha, cujo objetivo era criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Embora seja um direito e uma grande conquista, a lei não consegue, por si só, impedir o aumento dos índices de violência no país. Esta violência que é perpetrada dentro das próprias casas é representada na narrativa “Ave Maria das Graças Santos”, onde a protagonista é assassinada pelo companheiro. Em “Maria”, há, também, um assassinato, praticado, desta vez, pelos passageiros de um ônibus. Ambas as autoras selecionam um fragmento da realidade e, a partir daí, elaboram ficcionalmente temas transversais que permeiam a condição feminina (e a humana) – barbárie, violência, ódio, preconceito e impunidade – as facas-laser que cortam a vida.
Palavras-chave: Categorias da narrativa; Condição feminina; Conto; Feminicídio; Racismo.


“LAGARTA GENTE BOA”: UMA METÁFORA
DO DEVIR HUMANO
- palestra -

Felipe Dartagan Maropo Teixeira de Castro 
(CPAN/UFMS; PG-CPTL/UFMS)

É sabido que a escritora mineira Alciene Ribeiro abraça o Espiritismo como preceito filosófico-religioso, fato confirmado por parte de sua produção literária. No conto “Lagarta gente boa” é possível perceber o efeito de sentido gerado pela alegoria da metamorfose da lagarta em borboleta, que aponta para o devir humano de uma existência mais plena, em consonância com os preceitos espíritas. Para demonstrar essa construção de sentidos no conto, nos apoiamos em teorias específicas de análise contística, como, por exemplo, a teoria do iceberg, de Hemingway, e em preceitos dos estudos narratológicos, com as categorias da narrativa (enredo, personagem, narrador/foco narrativo, tempo e espaço). Consideramos que, no âmbito microtextual, Alciene Ribeiro se vale de metáforas que delineiam a cosmovisão que depreendemos da alegoria proposta pelo conto. 
Palavras-chave: Alciene Ribeiro; Espiritismo; Metáfora.



Encerramento
18h30 – Auditório Sala H-108
CPAN/UFMS - Unidade 1

Exibição de filme:

Independência e Morte
Alciene Ribeiro faz leitura do conto que
abre a coletânea Mulher explícita

Comunicação:
UMA LEITURA DO CONTO “INDEPENDÊNCIA
E MORTE”, DE ALCIENE RIBEIRO

Júlia dos Santos Fraga (G-CPAN/UFMS)
Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN/UFMS)

Após três décadas sem publicar uma nova coletânea, a escritora mineira Alciene Ribeiro voltou ao conto, em 2019, com o volume Mulher explícita. O conto que abre o livro, “Independência e Morte”, relata os 27 anos de uma personagem feminina sem nome. Ela nasce no sertão, em casebre humilde, é seviciada no final da infância pelo padrasto, e vendida a um homem de posses, muito rico, que a leva em “núpcias” para morar na Capital. Dez anos depois, é asfixiada até a morte pelo homem. A narrativa ocupa menos de uma página; é construída com as cenas do nascimento e morte, sumário da entrega da adolescente e elipses que indicam a passagem dos anos. Nossa comunicação descreve os detalhes dessa estrutura narrativa, estuda e interpreta os efeitos de sentido construídos no conto a partir do paralelismo entre nascimento e morte da personagem. Para tanto, se vale do conceito de iceberg, proposto por Ernest Hemingway, e de teorias do âmbito do conto literário.
Palavras-chave: Cena; Elipse; Escrita Feminina; Sumário; Teorias do Conto.


Mesa-redonda:
TEMPO, NARRADOR E PERSONAGEM EM UM CONTO DE ALCIENE
RIBEIRO: AS "MULETAS" PARA ENCARAR O DESCONHECIDO
- palestra –

Felipe Dartagan Maropo Teixeira de Castro
(CPAN/UFMS; PG-CPTL/UFMS)

A presente comunicação descreve, analisa, interpreta e propõe uma chave de leitura do conto “Um porvir alemão”, da escritora mineira Alciene Ribeiro, à luz de teorias sobre o conto moderno, como a “teoria do iceberg”, de Ernest Hemingway, e a "Filosofia da composição", de Edgar Allan Poe, e dos estudos da narrativa, especialmente no que se refere à categoria “tempo”, tal como propostas por Gerard Genette no seu Discurso da narrativa. Adotamos a hipótese de que a unidade de efeito gerada pelo conto é “o medo do desconhecido” pela personagem José e por sua esposa, a partir do pressuposto de que o medo é uma característica extremamente humana, e nossa proposição é de que a articulação do tempo no conto é importante para alcançar tal efeito. Outros elementos que contribuem para este efeito são as estratégias utilizadas pela personagem protagonista na tentativa de minimizar tal medo, o que o narrador chama várias vezes de “muleta”.
Palavras-chave: Escrita Feminina; Filosofia da Composição; Iceberg; Literatura brasileira contemporânea; Teorias do Conto.


ESFACELAMENTO E PERTURBAÇÃO EM 
CONTOS DE ALCIENE RIBEIRO
- palestra -

Marcos Rogério Heck Dorneles
(CPAQ/UFMS; PG-CPTL/UFMS)

Artigo aborda a correlação entre o âmbito semântico do fio do tempo e a precariedade da progressão das protagonistas femininas em contos de Alciene Ribeiro. O estudo pretende estabelecer conexões acerca das variações constitutivas do tempo na elaboração criativa dos contos em articulação com as transformações de base material e tecnológica que circundam essas narrativas. Para isso, são analisados os contos “Carência não dá manchete”, “A porta de serviço é serventia da morte”, “Aviso prévio”, provenientes do livro Mulher explícita, de Alciene Ribeiro (2019), sob o viés teórico e crítico das proposições acerca das Ruínas (cf. BENJAMIN, 1984; e KOHTE, 1976), das asserções sobre os elementos temporais (em especial GENETTE, 1979; e NUNES, 2013); e sobre as inter-relações entre textos literários (a esse propósito, nos valemos de CARVALHAL, 2001; e de COMPAGNON, 2012).
Palavras-chave: Efemeridade; Escombros; Literatura comparada; Perplexidade; Tempo.



Palestra de encerramento:

NAS MALHAS DO DISCURSO: O INVENTÁRIO DA SORDIDEZ 
HUMANA EM “AVISO PRÉVIO”, DE ALCIENE RIBEIRO

Carina Marques Duarte (CPAN/UFMS)

“Aviso prévio” integra a antologia Mulher explícita, da escritora Alciene Ribeiro. Até então inédito, o conto foi escrito na década de 70, revisto no início dos anos 80 e reformulado em 2018 e 2019, o que comprova a sua importância, uma vez que a autora dele se ocupou em diferentes fases da vida. A narrativa gira em torno de uma conversa entre o chefe e a funcionária, que, a pretexto de discutir a sua situação na empresa, fora chamada à diretoria. Contudo, nas malhas do discurso, é possível descobrir intenções e desejos alheios à esfera profissional. Partindo da abordagem foucaultiana – o discurso como elemento que traduz as lutas ou os sistemas de dominação e as relações de poder enquanto meio de disciplinar, coagir e controlar os indivíduos – analisaremos as relações entre as personagens. Nos serão de grande valia, para a leitura aqui proposta, o estudo das categorias da narrativa e o conceito barthesiano de texto de fruição.
Palavras-chave: Condição feminina; Conto; Relações de poder; Texto de fruição.


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